O químico suíço Albert Hofmann, que descobriu o LSD há mais de 60 anos, festeja hoje o centésimo aniversário e aproveitou a ocasião para tentar reabilitar uma invenção que afirma ter efeitos paliativos.
Hofmann receberá este fim-de-semana em Basileia, onde sempre viveu, as homenagens de sábios do mundo inteiro num simpósio dedicado àquela substância alucinogénia hoje totalmente proibida que descobriu por acaso, no seu laboratório, em 1943.
O cientista, que nada tem a ver com a família Hoffmann-LaRoche, do grupo Roche, fez toda a sua carreira de investigador na Sandoz, um dos três grandes grupos farmacêuticos de Basileia, entre 1929 e 1971.
Foi ali que descobriu «por acaso» aquela droga alucinogénia, ao deixar cair na mão uma gota de uma substância química que estava a estudar, a dietilamida do ácido lisérgico (LSD 25). Logo a seguir, o cientista sentiu estranhas sensações, angústias, vertigens e alucinações.
Três dias depois, voltou a testar o produto, dessa vez voluntariamente, e sentiu os mesmos efeitos.
«O "eu" desaparece dando lugar a um estado místico, o céu e a terra misturam-se, sente-se que se faz parte do Universo, entra-se num novo estado de consciência», explica Hofmann, numa descrição dos efeitos do LSD.
Sob o seu efeito, acrescenta, vive-se, ouve-se e sente-se de modo diferente, muito intenso, e isso só com uma dose mínima.
A Sandoz produziu o LSD em drageias e ampolas entre 1947 e 1966, data da sua proibição, quando se convertera na droga favorita dos grupos «hippies» dos anos 60.
Antes, a substância era sobretudo usada em psiquiatria para tratar doentes amorfos, que já não reagiam a nenhum medicamento.
Com o LSD, esses doentes «estavam estimulados, despertos num certo sentido», diz hoje Hofmann numa entrevista ao jornal Tages Anzeiger.
O químico reformado deseja ardentemente que a substância seja de novo autorizada. «A proibição total do LSD foi uma iniciativa dos EUA, que quiseram assim conter os efeitos devastadores da droga», lembra Hofmann.
«Mas é preciso que isso mude, e espero que este congresso em Basileia possa contribuir», afirmou, aludindo ao simpósio internacional que decorre este fim-de-semana no Centro de Congressos de Basileia.
Segundo Hofmann, o LSD ajuda a aliviar os sofrimentos, sobretudo nos doentes em fim de vida, quando a morfina já não tem efeitos.
Investigadores europeus e norte-americanos de primeiro plano também se pronunciaram por uma atenuação da proibição do LSD na investigação e na terapia.
O cientista centenário adverte todavia que a absorção irreflectida de LSD pode ser extremamente perigosa e que não se sabe o que contêm as pílulas vendidas às escondidas.
Diário Digital / Lusa
Hofmann receberá este fim-de-semana em Basileia, onde sempre viveu, as homenagens de sábios do mundo inteiro num simpósio dedicado àquela substância alucinogénia hoje totalmente proibida que descobriu por acaso, no seu laboratório, em 1943.
O cientista, que nada tem a ver com a família Hoffmann-LaRoche, do grupo Roche, fez toda a sua carreira de investigador na Sandoz, um dos três grandes grupos farmacêuticos de Basileia, entre 1929 e 1971.
Foi ali que descobriu «por acaso» aquela droga alucinogénia, ao deixar cair na mão uma gota de uma substância química que estava a estudar, a dietilamida do ácido lisérgico (LSD 25). Logo a seguir, o cientista sentiu estranhas sensações, angústias, vertigens e alucinações.
Três dias depois, voltou a testar o produto, dessa vez voluntariamente, e sentiu os mesmos efeitos.
«O "eu" desaparece dando lugar a um estado místico, o céu e a terra misturam-se, sente-se que se faz parte do Universo, entra-se num novo estado de consciência», explica Hofmann, numa descrição dos efeitos do LSD.
Sob o seu efeito, acrescenta, vive-se, ouve-se e sente-se de modo diferente, muito intenso, e isso só com uma dose mínima.
A Sandoz produziu o LSD em drageias e ampolas entre 1947 e 1966, data da sua proibição, quando se convertera na droga favorita dos grupos «hippies» dos anos 60.
Antes, a substância era sobretudo usada em psiquiatria para tratar doentes amorfos, que já não reagiam a nenhum medicamento.
Com o LSD, esses doentes «estavam estimulados, despertos num certo sentido», diz hoje Hofmann numa entrevista ao jornal Tages Anzeiger.
O químico reformado deseja ardentemente que a substância seja de novo autorizada. «A proibição total do LSD foi uma iniciativa dos EUA, que quiseram assim conter os efeitos devastadores da droga», lembra Hofmann.
«Mas é preciso que isso mude, e espero que este congresso em Basileia possa contribuir», afirmou, aludindo ao simpósio internacional que decorre este fim-de-semana no Centro de Congressos de Basileia.
Segundo Hofmann, o LSD ajuda a aliviar os sofrimentos, sobretudo nos doentes em fim de vida, quando a morfina já não tem efeitos.
Investigadores europeus e norte-americanos de primeiro plano também se pronunciaram por uma atenuação da proibição do LSD na investigação e na terapia.
O cientista centenário adverte todavia que a absorção irreflectida de LSD pode ser extremamente perigosa e que não se sabe o que contêm as pílulas vendidas às escondidas.
Diário Digital / Lusa