podem ser imensas pessoas, que não fará efeito nenhum sobre o governo. com tantas manifestações que se fizeram para evitar o encerramento das urgências e dos centros de saúde, não vi nenhum efeito. as pessoas juntaram-se em forte, e o que apareceu foi o ministro da saúde numa entrevista à televisão a dizer que estava tudo tratado, e que ia falar com o presidente da câmara, e não sei o que mais. ou seja, ficou na mesma. as pessoas engoliram, e não vão tardar em esquecer-se e conformar-se.
achas que o povo tem assim um poder tão grande sobre o estado ? isso é teoricamente! o governo não quer saber se se fazem manifestações sobre a legalização de drogas, está-se a borrifar para isso. a única maneira de legalizar as drogas seria derrubando as leis do algodão no mundo inteiro (começando pelos EUA). é por culpa do algodão que a erva está proibida:
1- as fibras têxteis do algodão têm uma durabilidade reduzida, o que ajuda os vendedores - roupa que dura menos, estraga-se mais facilmente e tem que se comprar mais. o estado mete uma taxa no algodão, e enriquece mais facilmente do que com a fibra de cânhamo, que é mais durável. uma t-shirt de cânhamo duraria muito mais do que uma t-shirt de algodão.
2- o algodão deixa a terra subnutrida após apenas um ano de cultivo, pelo que é impossível cultivar algodão duas vezes seguidas no mesmo terreno. os que tiverem dúvidas, consultem a página do ministério da agricultura e do desenvolvimento rural, na parte dos subsídios, vejam o que diz sobre o algodão (e já agora, vejam o que diz lá sobre o cânhamo e tirem conclusões). a cannabis deixa a terra muito menos deficiente em termos de nutrientes, que facilmente se pode corrigir através de fertilizantes naturais - guano, esterco, etc. até os fertilizantes artificiais dariam, já que esta planta não seria para o consumo, só para fibras têxteis.
3 - nunca se deu uma verdadeira razão para a proibição da marijuana, mas de certeza que não é pela pedra, se não, o álcool estaria proibido há muito... (eles tentaram nos EUA mas não deu resultado, durante a lei seca dos anos 20 ou 30). a única razão que há é o algodão.
e portugal precisa de baixar as calcinhas perante as políticas internacionais, não temos poder nenhum na cena actual...mesmo se nos aliássemos à espanha como a frança fez com a alemanha, não teríamos um poder como o dos EUA.
já agora, o livro "vinhas da ira" retrata lindamente a colheita do algodão. não é certamente com manifestações que irão balançar a influência (já quase secular) que as leis mundiais têm sobre os fantoches que são os políticos.
é certo que a holanda tem políticas liberais em relação à compra e venda de drogas. mas nem nos podemos comparar a eles em relação de mentalidade (nem de escolaridade, se é que isso vale alguma coisa), nem em questão de poder no cenário político da europa. para além de pertencer ao benelux, é uma das nações fundadoras da união europeia, e por mais liberdade que defendam, toda a gente sabe que estar no centro da europa ajuda imenso em imensas coisas...
mas não interpretes isso como um "vai-te lixar com a tua manifestaçãozinha", mas interpreta isto como um "boa sorte". espero sinceramente que a legalização se imponha e eu possa ir comprar um saco de erva ou cogumelos quando me apetecer sem ter que comprar material de origem duvidosa. eu quero a legalização, tal como qualquer pessoa que pense com a sua cabeça. mas a cultura anti-droga está tão embrenhada na mente dum povo extremamente conservador que acho difícil ver-se a droga de outro modo senão daqui a várias gerações. ou então, se as drogas leves fossem legalizadas por um movimento europeu anti-EUA (o que acho extremamente improvável de acontecer, pelo menos até o petróleo acabar), talvez o povo acordasse e aceitasse as coisas como elas são. aliás, este povo no que respeita a aceitar, engolir e conformar, não há quem lhe ganhe!