A sensação foi igual à da festa no Mojave, mas agora aqueles comprimidos têm outro nome. Chamam-se ecstasy e é realmente isso, ficamos em êxtase. Também experimentámos base de cocaína em casa do Noel, e começámos todos sete a falar ao mesmo tempo sobre vários assuntos em simultâneo, enfiados na casa de banho sem motivo aparente, eufóricos e sorridentes. Depois fomos para a Torre de Belém, e assim que chegámos o Amaro saiu do carro e pôs-se a correr feito louco, às voltas, pelo jardim onde estacionámos. Quando nos sentámos na torre demos as mãos e dissemos uns aos outros o quanto nos amávamos. Fumámos cigarros a meias, e charros, e depois voltámos para casa, onde estivémos até de madrugada a ouvir música e a beber água. Aquela cassete que a Morgana me gravou, anos antes, é uma das preferidas do Oto, que não parou de a passar durante três meses todos os dias. Tem Sonic Youth, Velvet Underground, Aretha Franklin, Woodentops, Big Black, Beatles, Pixies, Cult, Butthole Surfers, Minimal Compact, Death in June, Ciccone Youth, Throwing Muses, Love and Rockets. E o Donald gravou-nos uma cassete com todas as músicas que passa nas suas raves. Música para dançar. Na que o Oto gosta mais toca um saxofone. Acabámos a manhã a ouvir O Pastor, dos MadreDeus, e depois disso adormecemos.
Mas, ao mesmo tempo, estudamos. A Sara Jornalismo, o Oto Informática, o Noel Antropologia, eu Literatura, o Pomba dá aulas de Química, a Andresa e o Amaro estudam Circo. Por vezes não os vejo durante toda a semana, nem ao Oto, para me concentrar no Fernando Pessoa, no Mark Twain, e na própria Alice, que continua a impor-se aos meus dias e a querer ser escrita. Ninguém sabe desse meu livro secreto. Apenas o Sand ouviu falar da existência da rapariga do outro lado do espelho, mas não lhe conhece o nome. Nem eu sei porque a denominei assim. Mas um dos livros que mais me inspiraram desde sempre foi essa obra do Lewis Carroll, sobre uma rapariguinha sonhadora num suposto país de maravilhas de lógica paradoxal. Talvez por isso. E depois aos fins de semana juntamo-nos novamente, passeamos por Portugal, vamos às raves nos palacetes de Sintra, tomamos ecstasies e damos as mãos. Dançamos e o Pomba tira-nos fotografias belas, gasta rolos e rolos connosco durante as tardes, tal e qual como o meu pai.
O Zelo perguntou-me se o meu cabelo está cor-de-rosa para combinar com a cor do meu Mini, ou vice-versa. Toda a gente olha para mim na rua, fazem comentários idiotas, chamam-me Barbie, perguntam-me onde é o circo. Mas também já me chamaram de algodão doce, sereia, princesa bebé. Seja como for lembro-me de Amesterdão, e da sensação de liberdade que experimentei por lá, naquelas ruas coloridas e plenas de pessoas originais, sem preconceitos, hippies e simpáticas. O Félix passa a vida a mexer-me no cabelo, põe-no por cima da cara dele, fica cómico. Já não anda com o Zelo. Agora gosta de raparigas, ao que parece. Também já não está tão mágico como antes, embora continue alucinado. Perguntou-me se podia fazer graffiti’s na parede do meu quarto. Disse-lhe que sim. Agora acordo a olhar para grandes desenhos de esqueletos a andarem de skate, com o sol a bater neles. Por incrível que pareça, acordo extremamente feliz.
Mas, ao mesmo tempo, estudamos. A Sara Jornalismo, o Oto Informática, o Noel Antropologia, eu Literatura, o Pomba dá aulas de Química, a Andresa e o Amaro estudam Circo. Por vezes não os vejo durante toda a semana, nem ao Oto, para me concentrar no Fernando Pessoa, no Mark Twain, e na própria Alice, que continua a impor-se aos meus dias e a querer ser escrita. Ninguém sabe desse meu livro secreto. Apenas o Sand ouviu falar da existência da rapariga do outro lado do espelho, mas não lhe conhece o nome. Nem eu sei porque a denominei assim. Mas um dos livros que mais me inspiraram desde sempre foi essa obra do Lewis Carroll, sobre uma rapariguinha sonhadora num suposto país de maravilhas de lógica paradoxal. Talvez por isso. E depois aos fins de semana juntamo-nos novamente, passeamos por Portugal, vamos às raves nos palacetes de Sintra, tomamos ecstasies e damos as mãos. Dançamos e o Pomba tira-nos fotografias belas, gasta rolos e rolos connosco durante as tardes, tal e qual como o meu pai.
O Zelo perguntou-me se o meu cabelo está cor-de-rosa para combinar com a cor do meu Mini, ou vice-versa. Toda a gente olha para mim na rua, fazem comentários idiotas, chamam-me Barbie, perguntam-me onde é o circo. Mas também já me chamaram de algodão doce, sereia, princesa bebé. Seja como for lembro-me de Amesterdão, e da sensação de liberdade que experimentei por lá, naquelas ruas coloridas e plenas de pessoas originais, sem preconceitos, hippies e simpáticas. O Félix passa a vida a mexer-me no cabelo, põe-no por cima da cara dele, fica cómico. Já não anda com o Zelo. Agora gosta de raparigas, ao que parece. Também já não está tão mágico como antes, embora continue alucinado. Perguntou-me se podia fazer graffiti’s na parede do meu quarto. Disse-lhe que sim. Agora acordo a olhar para grandes desenhos de esqueletos a andarem de skate, com o sol a bater neles. Por incrível que pareça, acordo extremamente feliz.